Resolvi trazer para vocês algumas passagens que extraí do texto Mal-estar na cultura: corpo e animalidade em Kafka, Freud e Coetzee, de Márcio Seligmann-Silva.
Voilà...
Sobre a "Investigações de um cão", de Kafka:
De resto esse cão investigador passa por um rigoroso jejum e recebe comida de modo forçado pela sua boca. Impossível não pensar no anorexico Kafka e sua atração por figuras que se desfazem destruídas pela inanição, como seu artista da fome.(...) estuda justamente a questão da fome: protofenômeno de nossa (e com isso incluo a nós todos animais) existência.
Sobre Darwin:
O termo disgust (nojo), na sua acepção mais simples, significa algo desagradável ao paladar. E Darwin continua: "enquanto eu senti um profundo nojo em ver minha comida ser tocada por um nativo nu, apesar de suas mãos não parecerem sujas" Darwin não analisa porque ele teve nojo deste nativo, mas para ele deveria ser natural enojar-se com este toque de "um nativo nu", mesmo que ele estivesse com as mãos limpas: não se trata de uma questão de higiene, o nojo indica abjeção ao "outro", ao nativo, ao nu. Por outro lado, sua reflexão sobre porque temos nojo de restos de comida na barba de um homem, não deixa de revelear um insight quase psicanalítico: sempre que vemos comida associamos isto a "idéia de comê-la". A expressão do nojo, para Darwin, seria uma espécie de derivado do ato de cuspir e de vomitar.
Em Freud:
Como lemos em mal-estar na Cultura, a passagem do modo de andar quadrúpede para o bípede determinou uma série de repressões em relação ao olfato e se papel na excitação e relacionamento humano e, por outro lado, o aumento do papel da visualidade. (...) O incentivo à limpeza origina-se num impulso a livrar-se das excreções, que se tornam desagradáveis à percepção do sentidos.
O cuspe, o cachimbo e a aguardente... risos... atos humanos... risos... não entendeu... risos... Kafka realmente era muito irônico... risos... aconselho a leitura do texto de Seligmann para aqueles que querem "entender" um pouquinho mais o "objeto" com o qual trabalham... é um bom inicio de conversa, galera...
essa vida de macaco... risos...
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