A comida fala o tempo todo sobre tudo. A comida diz sobre saúde física e mental, estilo de vida, PIB, cultura, arte, amor, sexo.

Aqui você é convidado especial para pensar a comida em suas diferentes dimensões. Nossos alimentos são livros, filmes, peças teatrais, a comida de restaurantes, bares e cafeterias.

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

COMIDA E PRAZER




Amido? Proteína? Vitamina? Quero massa, carne e cenoura!!! A preocupação com a “saúde” tem deslocado a preocupação do prazer de comer para as propriedades nutricionais dos alimentos... além da “conta”...

A comida virou “remédio” para o culto ao magro, ao esbelto. Por mais que se afirme que o objetivo é a busca da saúde (por vezes quase a busca da imortalidade do corpo... o coração e a alma já eram, é claro!) o que se observa é a luta pela conquista do “corpo” construído como ideal pelo imaginário contemporâneo.

O que antes representava poder, status, força, virilidade – a obesidade – hoje se revela um dos maiores problemas da “aldeia global”. Comer em excesso não mais garante prestígio social, ao contrário. A arte medieval e renascentista revela o “modelo estético” da época: mulheres nuas, gordas, “arredondadas”. Por outro lado, uma rápida observação do material publicitário da sociedade contemporâneo revela a inversão: mulheres magras, quase esqueléticas. "Giseles" em diferentes versões...

A preocupação estética está ocultada pelo discurso do “estilo de vida saudável”. As propriedades nutricionais guiam as dietas propostas pelos profissionais da área: uma porção de “amido”, uma porção de “grãos”, uma porção de “proteína” e verduras e vegetais a vontade. Realmente, comida virou remédio... em breve, os cardápios serão substituídos por “bulas” que apresentaram as propriedades nutricionais dos pratos, bem como o total de kcal.

Está na hora de resgatarmos o conceito de prazer, comum aos primeiros escritos sobre o tema que reportam necessariamente aos gregos. A noção de equilíbrio sem abrir mão do PRAZER! Eu não quero comer uma porção de “amido”... EU QUERO COMER MASSA... Eu não quero comer “grãos”... EU QUERO COMER FEIJÃO... Eu não quero comer proteína... EU QUERO COMER CARNE...

Não estou afirmando que as propriedades nutricionais não são importantes, mas que elas devem ocupar seu devido lugar, isso devem. Sejamos francos: estamos escravos do corpo na sua dimensão estética. O “prazer” em ser “magro” a custa de verdadeiras “castrações” tem limite (ou deveria ter), pois perder a oportunidade de sentir prazer ao comer uma bela macarronada ou um churrasco com salada de maionese deve ser realmente muito “frustrante”!

Proposta: vamos comer comida com e por prazer! Esqueçamos as propriedades nutricionais da comida em nome do prazer (ao menos aos domingos – risos)! Abaixo o controle kcal, pois o que importa é afastar o “peso da culpa” e do “compromisso com o imaginário social”!

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